quinta-feira, 5 de março de 2009

Brasil Tour 2008 - Fortaleza, Jornal "O Povo" (Pt.4)


Vida & Arte Viu

Para Falar de Amor

Guilherme Cavalcante

Especial para O Povo, Fortaleza 12-10-2008

Eram 21h quando os portões se abriram. A platéia comemorou com aplausos enquanto os primeiros sortudos da enorme fila já procuravam os melhores lugares dentro do Siará Hall

A sensação nostálgica da boa lembrança que retorna à memória traduzida num arrepio na pele. Um momento mágico que se revive e que solta um sorriso bobo na face. "Amor, essa era a nossa música, lembra?", diriam os casais ao escutar aquela canção especial que, há 20 e poucos anos, embalou o início do romance. Eram os anos 80, quando a banda Air Supply e suas baladas românticas figuravam nas trilhas sonoras das novelas. E veja só: quem pôde desembolsar pelo menos R$ 80,00 para conferir o show ao vivo da dupla australiana, na última quinta, no Siará Hall, não se arrependeu, sem dúvidas.

Antes de se abrirem os portões, a multidão já se amontoava em frente à casa de shows. Ansiosos, os fãs queriam os melhores lugares para conferir de perto as baladas que até hoje afagam os corações apaixonados. Aplausos e gritos de comemoração foram escutados de longe ao se abrirem os portões, pontualmente às 21h, uma hora antes do previsto para começar o show. Sem confusões, sem atropelos, tudo correu bem até que todos estivessem bem acomodados. A platéia, madura (literalmente. Eram raras as pessoas com menos de 30 anos), soube conduzir bem as emoções até o início do show, esperado há mais de 20 anos por muitos dos que ali estavam.

As luzes se apagaram e o show, anunciado. O atraso de 40 minutos foi até previsível. "É proibido gravar ou fotografar o show", avisa um produtor, antes de ser vaiado pela platéia que, imediatamente, sacou celulares, filmadoras e máquinas fotográficas, dando um efeito luminoso e incomum à multidão. A casa estava cheia, mas sem estar insuportavelmente lotada. A platéia, sem dúvidas, era composta por fãs de verdade, letras das músicas decoradas, tiradas do fundo do baú com bastante nostalgia.

Quando Russell Hitchcock e Graham Russell pisaram no palco, a platéia foi ao delírio. Graham usava preto e Russell vestia jaqueta vermelha. O grito da multidão foi daqueles que motivam qualquer cantor a continuar o ofício com satisfação. Sweet Dreams e Young Love foram as primeiras músicas escutadas - e cantadas - pela platéia. Uma moça ergueu os discos de vinil em busca de um aceno por parte dos ídolos. Outra gritava desesperada. Um dentre os vários casais se abraçava. O ambiente estava propício a espasmos platônicos. Ah, o amor...

Surpreendentemente a platéia cearense sabia de cor as músicas. Just As I Am foi cantada em coro, assim como Power of Love (a versão original de O Amor e o Poder, cantada pela Rosana e que muita gente não sabia que era do Air Supply!). Em seguida, Graham profere um discurso, canta uma música solo e solta uma das canções mais recentes, The Future, gravada em 2006. O show, por sinal, contou com algumas músicas inéditas, que obviamente as pessoas não sabiam, ainda, cantar. Romantismos à parte, o show também teve uma veia meio rock 'n' roll, principalmente quando Graham trocava o violão pela guitarra.

Surpresa:

Enquanto tocava a melodia de The One That You Love, Russell e Graham desceram do palco. Na platéia, devidamente escoltados por seguranças, os artistas deram a volta no Siará Hall e causaram frisson. Russell Hitchcock alcançou a grade que separava o setor das mesas e o das cadeiras, cumprimentou fãs e foi abraçado por eles. Gentil, acenou para os mais distantes e agitou a noite, fazendo com que todos ficassem de pé. De volta ao palco, eles convidaram as pessoas a se amontoarem no front stage, onde antes estavam as mesas, já totalmente descompostas. Uma fã sobe ao palco (dos três que invadiram o local), mas logo é escoltada de volta à platéia, um pouco antes de Russell soltar os primeiros versos de Lost in Love, mais um dos grandes sucessos do Air Supply.
O clímax do show aconteceu já no finalzinho, com o som do piano em Making Love Out of Nothing at All. Fora do tom original, Russel emocionou os cearenses com a música mais famosa do Air Supply até se despedirem do público e saírem do palco. Claro, era charme. O bis veio com gosto de gás. All Out of Love, o primeiro sucesso da dupla no Brasil e a última música a ser cantada no show, fez muita gente pular de tanta emoção, sem nem sentir falta de outros sucesso que não entraram no repertório, como Lonely is The Night e Without You. Sabe aquelas memórias que voltam de repente, arrepiam a pele e deixam o sorriso bobo na cara? Pois é. Esse show foi assim. Inesquecível, nostálgico, emocionante, romântico. No fim das contas, também se tornou uma nova lembrança.

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