quinta-feira, 7 de maio de 2009

The Vanishing Race Tour - Brasil 1993: Parte 1

Parte I - Pré-show

Em 1993, quando veio ao Brasil fazer shows pela primeira vez, o Air Supply já tinha passado pela sua fase de maior sucesso e já tinha também enfrentado os momentos mais sombrios com as mudanças no cenário pop. Seus CDs eram de difícil acesso, não havia um fã-clube local organizado e a internet com seus sites, comunidades e downloads ainda era ficção-científica.

Era de se esperar portanto que nesse momento peculiar, a chegada a um país como o Brasil fosse cercada de muita promoção e divulgação na mídia. Não foi o que aconteceu. Apesar do mega-hit Goodbye fazer bastante sucesso nas rádios, o álbum The Vanishing Race era raridade. Os shows tiveram promoção fraca em junho. A Rádio Cidade (que tocava de tudo em São Paulo) esboçou algumas inserções, mas o fato é que a “marca” Air Supply na época era pouco reconhecida e precisava de referências. Poucos sabiam que Making Love out of Nothing at All, Lost in Love ou I Can Wait Forever eram daquela dupla vinda da Austrália, que estourava então com Goodbye. Um anúncio no jornal no último dia tentou consertar isso, mas talvez fosse tarde.

Mesmo fãs da banda tiveram dificuldade em saber dos shows. Oswaldo Loechelt, um advogado hoje com 40 anos, morava em São José dos Campos (próximo a São Paulo). Na época, um calouro universitário, ouvia despretensiosamente Goodbye no rádio do carro quando ouviu o locutor dizer: "
Vocês acabaram de ouvir Air Supply. Inclusive eles vão estar no Brasil esse fim de semana...”. Foi o tempo de gritar, se recompor do susto, partir para a rodoviária e comprar os ingressos no Olympia, quase que sem querer.



Eu confesso que acreditei ser piada quando meus amigos mais próximos contaram ter ouvido sobre a turnê. Esperei desde meus 12 anos, quando ouvi I Can Wait Forever pela primeira vez. Desde então, tentava em vão achar LPs ou cassetes lançados no Brasil, colecionando cada peça do quebra-cabeça da discografia como uma raridade. Campeão das FMs à noite, o Air Supply não vendia discos e parecia ter em mim um dos únicos fãs brasileiros. Difícil era convencer alguém a ir com você no show do Air Supply. A mesa vip pré-Plano Real custava na conversão mais de R$ 700,00 atuais.

Quando cheguei ao Olympia para a primeira noite, sozinho, foi provavelmente uma das 3 ou 4 noites mais emocionantes dos meus 19 anos. Não tinha ninguém no Olympia, umas 3 horas antes do show. Quase ninguém. No meu estado de agitação, tinha que me aproximar de um grupo de gringos que perguntava coisas um tanto básicas sobre Air Supply. Os holandeses eram da KLM. Tinham vindo com a banda da Europa e ganharam ingressos para o show de São Paulo, além de estarem no mesmo hotel.
Minutos depois, chega o empresário da banda para a turnê, um tal de Hector (foto acima). Depois de terem conversado comigo por meia-hora, os holandeses desafiam (em tom de brincadeira) o empresário, afirmando que eu saberia listar mais discos lançados pela banda do que ele. O cara “morde a isca” e diz que é impossível, que eu ganho um prêmio se souber mais. Na época nem conhecia Air Supply (76) ou The Whole Thing Started (77), porque não havia fonte da discografia oficial (lembrem-se: nada de internet). Mas fui falando o resto, e não é que ganhei! O cara esqueceu o Christmas Album. Acho que não conhecia, aliás.

Eu então me senti o máximo, "sei mais que o empresário!!!" – isso já era prêmio, tudo ali parecia um sonho. Mas 5 minutos depois volta o Hector com minha recompensa: “GUEST”, um passe para ir aos camarins ao final do show, se a dupla fosse estar disponível. Foi quase ruim, no sentido de que eu passei o show inteiro esperando para ver se eles estariam por lá. Que diabos ia eu falar com os caras que eu idolatrava mas nem conhecia? Sabia os nomes e conhecia todas as músicas, mas só isso. Mas o legal é que o Hector ficou um tempão falando comigo, explicou que o Ralph Cooper acabara de sair da banda para levar uma vida pessoal mais tranquila, e da lotação nos shows de Peru e Bolívia da turnê anterior.

Infelizmente, o Hector era um cara legal mas não foi muito feliz no esforço de promoção. O Olympia permaneceu a 40% de lotação no máximo até o começo do show. As mesas da frente, setor VIP, vazias – a não ser por gente que havia ganho convites. Atrás estava um pouco melhor (leia-se: mais barato). Mas ele me fez o cara mais feliz do mundo por uma (ou duas) noites, e sempre lembro dele quando rezo.


"Essa história é a experiência combinada de 2 fãs que estiveram no Olympia em 1993: Rodrigo Gaspar, jornalista, São Paulo e Oswaldo Loechelt, advogado, São José dos Campos (SP)"

Fotos: Rodrigo Gaspar

Um comentário:

ColdFire disse...

Is there a video available of this?