sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Lost In Love (Review)



Por Rogrigo Gaspar (Air Supply Brazilian Fan Club)


"Lost in Love" (1980) não é o primeiro álbum do Air Supply, mas é o que colocou a banda no mapa. Foi o primeiro lançado nos EUA, depois da fase australiana, e colocou 4 singles muito bem posicionados. Vamos a uma análise faixa-a-faixa desse marco histórico, que alcançou o #3 na parada de albuns da Billboard: 

1) LOST IN LOVE

A faixa-título estava fadada ao sucesso. Herança da fase australiana, Lost in Love encantou o chefe da Arista Records, Clive Davis, que ofereceu um contrato à banda. O som simples e com vocais harmônicos da versão original permaneceu. Clive Davis eliminou um solo, encurtou a canção para caber nas programações das rádios. E deu mais que certo. Até hoje é a música "marca registrada" do Air Supply, com um refrão que vai crescendo até Russell Hitchcock demonstrar seu range vocal na parte final. 

2) ALL OUT OF LOVE

Segunda faixa, segundo single. Dessa vez, o vocal harmônico de Graham e Russell foi substituído por um dueto que destaca o contraste na voz dos dois. Assim como Lost in Love, o refrão começa despretensioso, tranquilo...mas no final ganha corpo e novamente evidencia a potência vocal de Russell Hitchcock, numa das notas mais altas já gravadas pelo Air Supply. All Out Love repetiu o sucesso da faixa-título do álbum e chegou ao Top 5 da parada americana. 

3) EVERY WOMAN IN THE WORLD

Air Supply não estava para brincadeira no lado A deste disco. Terceira faixa, terceiro Top 5 na parada Billboard. Dessa vez, uma mudança de estilo. A canção é menos produzida, tem um tom mais cru, que beira até as baladas folk-country em que o violão é quase que toda a base do acompanhamento instrumental. A letra exaltando a monogamia, ao contrário do que o título poderia indicar, não teve a participação de Graham Russell. A complementação de dois estilos vocais diferentes continua sendo a chave para esse sucesso. 

4) JUST ANOTHER WOMAN

Se alguém ouviu as 3 primeiras faixas, dificilmente imaginaria o que veio a seguir: "yes, Air Supply can rock'n'roll!". Base forte de baixo e bateria e um tom bem mais agressivo na primeira canção com a voz apenas de Russell Hitchcock. Esta é a segunda e última herança dos tempos australianos, já que Just... já havia sido lançada em roupagem muito parecida nos anos 70. Se não virou sucesso, foi uma oportunidade da banda mostrar seu potencial nos shows ao vivo, já que esta música esteve presente nas duas primeiras turnês.

5) HAVING YOU NEAR ME

Voltando à realidade...e às baladas. Essa talvez seja a mais açucarada do álbum, melodia novamente simples e nova oportunidade para o range vocal de Hitchcock aparecer em destaque. Uma referência interessante ao nome do àlbum e à faixa título está presente na letra, de forma interessante: "you're brave to say that you got lost in love...". Seria a auto-influência? 

6) AMERICAN HEARTS

Pra mim de longe a mais interessante faixa do álbum, ainda que não a melhor. A letra é bem criativa e foge do padrão Graham Russell de escrever (ele não participou). Narra de forma até casual a paixão e as dificuldades da vida a dois na sociedade americana. Como aquele amor idealizado das outras canções pode se tornar uma dor de cabeça para ser mantido, e às vezes acaba naufragando. Os versos vão fluindo na alternância de vozes e o refrão, apesar de simples, gruda na cabeça de queme stá ouvindo. Uma pena que nunca mais a banda tenha navegado por essas águas. 

7) CHANCES

O single final do album, que fez sucesso mais moderado, é talvez a melodia de construção mais elaborada entre os hits de 1980. Russell Hitchcock leva a balada sozinho, e sua voz é testada em vários momentos de notas altas. A letra é uma reflexão sobre possibilidades, chances, ansiedade, angústia no amor. Chances é uma pequena joia, que fica um pouco esquecida em um álbum com outros sucessos maiores. Mas é uma amostra do que viria no álbum a seguir, a evolução melódica e instrumental de 1981. 

8) OLD HABITS DIE HARD

Se Just Another Woman é tão rock'n'roll quanto Air Supply pode ser, Old Habits é a versão country desse flerte com outros gêneros. Melodia uptempo, letra convencional, vocais entregues sem muito esforço. Foi composta pelo baixista e pelo baterista de então. Considero a menos interessante do álbum, mas ao mesmo tempo sinto que a dupla estava se divertindo ao cantar sobre a dificuldade de romper com velhas tradições e costumes. 

9) I CAN'T GET EXCITED

Novamente um tom um pouco mais pesado do que o normal, ainda que sem o "punch" de Just Another Woman. A função de Excited, que parece um pouco perdida no lado B do album, era mais para shows ao vivo. Durante um bom tempo Air Supply abriu seus shows com essa canção uptempo, conquistando assim a energia da plateia para depois desfilar suas baladas de maior sucesso. Sozinha, a canção poderia ter sido mais eficiente com duração um pouco mais curta. 

10) MY BEST FRIEND

Quase todo album do Air Supply tem uma canção intimista, onde os instrumentos são quase acessórios. Os vocais são simples e melódicos, relembrando o começo de carreira (de vacas magras) na Austrália. Dessa vez, a canção intimista, muito bem escrita por Graham, é cantada apenas por Russell, num dos vocais mais emocionantes do álbum. Não virou um sucesso, mas sim uma favorita dos fãs, tanto que voltou a fazer parte dos shows ao vivo anos depois. 

Analisando "Lost in Love" em perspectiva ao que ocorreu nos anos seguintes, o que se nota é que o álbum é "cru". O tecladista Frank-Esler Smith e o guitarrista Rex Goh estavam temporariamente fora da banda, que havia se mudado para os EUA. Não aparecem listados como "Air Supply", nem na capa do disco. Sobrou baixo, bateria e uma guitarra bem de suporte de David Moyse. Assim, as vozes da dupla e o violão acústico de Graham dominam a cena. Simplicidade é a palavra de ordem. Não dá pra imaginar um arranjo elaborado como o de Sweet Dreams, ou a base de piano de The One That You Love, que viriam no ano seguinte. O primeiro impacto de Air Supply nas paradas seria marcado pelo que garantiu a existência da banda por várias décadas: a combinação de duas vozes. 


(Fev 4, 2011) 

4 comentários:

Miguel Sampaio disse...

Cara, muito legal suas colocações e análise do album. Parabéns, apesar de que eu não gosto tanto assim das canções American Hearts e Old Habits Die Hard. Sei lá, me parecem meio deslocadas no album em termos de sonoridade. Mas é uma opinião muito pessoal. Tudo de bom pra você!

Cássia (RN) disse...

"All Out Of Love " é um dos grandes hinos pops romãnticos mundiais e minha predileta da banda. Amei sua resenha, Rodrigo. Parabéns!

Laís disse...

Lost In Love é tuuuudo de bom e mais alguma coisa!

Laís (Crato)

Unknown disse...

Boa noite! Quem é o baterista da música All out of love?